Texto: Catarina Maria Perdigão Esteves
Layout: Jorge Manuel Seabra de Melo
Pesquisa gráfica: Sandra de Oliveira Oneto
Mais que o suficiente – FOTO: Google Images – http://www.portaldaluz.com.br – Refª 201903251244d380640
Uns são filhos. Outros enteados.
Enquanto para alguns felizardos, segundo dados da OCDE, no Uruguai o consumo de carne anual per capita é de 46,4 quilos seguindo-se a Argentina com 40,4 já no campo de povos esquecidos por Zeus encontramos o Gana onde esfaimados sem esperanças se limitam aos setecentos gramas de Janeiro a Dezembro só ultrapassados pela Índia que só consegue chegar a um modesto meio quilo em igual período de tempo.
Para quem gosta de ter uma mais ampla visão do problema e tem suficiente paciência para comparar dados da OCDE abaixo poderá observar como a injustiça se distribui pelo Mundo.
Enquanto no planeta uns se levantam da mesa empanturrados com bifes do lombo nadando num oceano dum bem condimentado molho de natas ou suculentos hamburgers culinariamente churrascados com mestria outros só provam magras fatias de bovino quando o rei faz anos ou alguma alma caridosa lhes deu uma esmola mais gorda que permitiu um banquete de alguns gramas para num prato não muito grande fazer companhia a uma montanha de arroz para num inesperado dia de festa conseguirem encher o faminto estômago que têm. A mim mesma perguntava se esta desequilibrada repartição ainda poderia ser agravada por quaisquer inesperados factores que alterassem as escravizantes leis do Mercado. Desesperadamente as há. Impostas pela Mãe Natureza. E pelas criminosas e estúpidas políticas de ditadores que matam à fome milhares (por vezes milhões…) de cidadãos inocentes que caíram nas garras de ferozes ideologias eticamente assassinas de triste memória ou repugnante actualidade.
Venezuela – Fome – Seres humanos catando restos de comida no lixo despejado por um supermercado – FOTO: Google Images – http://www.noticia.r7.com – Google Images – http://www.noticia.r7.com – Refª 20190325130126zfwscdr5q0t49tfo.
As loucuras dum doido
A luso-venezuelana professora universitária doutora Fátima Pontes Loreto que faz parte do Conselho das Comunidades Portuguesas numa recente declaração à Agência Lusa definiu a desumana dimensão da crise económica causada pela incompetência governativa do ditador comunista Nicolàs Maduro associada à sua paranoica teimosia em não abandonar o Poder e auscultar em eleições VERDADEIRMENTE livres e internacionalmente acompanhadas o pensar da população ao regime político como querem ser governadas e não viver num regime em que o lixo que ela despeja no final do dia é devorado em escassos minutos por cidadãos que matam a fome com restos de hortaliças, frutas e tudo quanto possa ser engolido, perversos efeitos pela pavorosa escassez de alimentos à venda nos supermercados ou pelos exorbitantes preços dos mesmos devido a uma inflação que quase a zero lhes reduziu o já de si fraco poder de compra.
Recordando com saudade uma infância e juventude felizes naquele país sul-americano riquíssimo em petróleo lastima que agora a Venezuela se tenha transformado num país pobre, muito pobre, tão pobre que uma FOME generalizada assombre todas as regiões da nação, de Norte a Sul sem qualquer excepção. Sem papas na língua e com uma notável coragem a doutora Fátima Pontes Loreto acusa Maduro dum populismo barato ao usar a tática comunista de desviar a atenção de quem sofre culpando os Estados Unidos por todos os males que ele próprio causou e continua a causar quer pela fome quer pelo elevado número de mortes de que é responsável quando as forças policiais e militares sob o seu comando e por ele instigadas assassinam a tiro pacíficos manifestantes que aos milhares enchem as ruas e avenidas cansados de tanto sofrimento derivado da sua demencial governação.
Mais informou que não é já possível andar nas ruas depois das seis horas da tarde porque os assaltos, roubos e assassinatos são moeda corrente e este mal-estar tem sido agravado pelas contínuas faltas de luz tendo-se chegado ao ponto limite de até do consulado de Portugal em Caracas terem roubado os telemóveis, todo o dinheiro existente e tudo que tivesse valor para ser vendido nas ruas nos dias seguintes.
Embora Nicolàs Maduro ameace continuamente os professores que, pela sua cultura e capacidade de análise, desmascaram os embustes e armadilhas dos seus discursos na televisão ameaçando baixar-lhes os salários tanto ela como a maioria dos seus colegas são partidários e defensores de Juan Guaidó, o autoproclamado Presidente interino da Venezuela, que luta por um país onde a Democracia volte a respeitar os Direitos Humanos para todo o povo venezuelano a quem Maduro no cúmulo da sua despótica tirania oligárquica proibiu a entrada das ajudas alimentares oferecidas por vários países ordenando até que as mesmas fossem queimadas. Deixo-vos com uma pergunta: por onde anda António Guterres e qual a razão pela qual a Nações Unidas hibernaram e não fazem nada?
Moçambique – Cidade da Beira 90% destruída pelo Furacão IDAI – Mortos e feridos, desalojados e desaparecidos em número crescendo hora a hora. Fome. Desespero. Desolação. Situações absolutamente indescritíveis FOTO: Google Images – Refª http://www.g1.globo.com 201903261\347747692270
Confesso…
Estultícia seria da minha parte tentar sequer dar umas pinceladas de texto para descrever tão gigantesca como desumana tragédia. Deixo uma pergunta: Natureza: Mãe ou madrasta? Sinto-me literariamente incapaz de analisar a frio este drama que atingiu todo um povo. Pouco valho. Confesso…
Cardeal Eugenio Pacelli – Futuro Pio XII – Núncio apostólico em Berlim em plena era nazista vigente na Alemanha – FOTO: Google Images – http://www.rtp.pt – Refª 201903251451ad39e61c8824c0df7eb522765
Declaro-vos com toda a sinceridade que desde os meus dez anos de idade o problema religioso deixou totalmente de me interessar. Se as grandes seis religiões (Cristianismo, Islamismo, Ateísmo, Hinduísmo, Folclóricas, Tradicionais) ocupam zero dos meus neurónios as outras quinze (do Xintoísmo ao Zoroastrismo) nem faço a mínima ideia do que sejam. Mais vos digo. Não foram os mais célebres e respeitados filósofos gregos da minha predileção que me esvaziaram a alma (se é que a tenho…) de qualquer fé. Nem Tales de Mileto, nem Anaximandro ou Heráclito, Parmênides, Aristóteles, Demócrito, Platão ou o grande Sócrates me buliram com a arquitetura do meu Pensamento. Quem da noite para o dia me dissolveu qualquer dúvida foi a senhora Maria Natividade da Silva Belo piedosa e digníssima catequista na Igreja de S. Mamede em Lisboa.
Vale a pena contar.
Nasci em 1947 saído do ventre materno pelas hábeis mãos duma parteira que sem grandes complicações ia a casa das clientes para fazer o trabalho. Na casa onde cresci e vivi até me casar na Conservatória do Registo Civil com o homem da minha vida e pai dos meus seis filhos que, como eu, não dava a mínima para qualquer dúvida ou certeza no que toca a parâmetros de fé.
O lar familiar onde na infância aprendi que a Terra é uma bola redonda que em cada volta que dá muda a face das coisas era num quarto andar sem elevador num prédio ensanduichado entre a opulenta mansão do senhor Carlos Ramires dos Reis que na época (anos quarenta) era o Dono Disto Tudo, milionário até dizer chega, e um imóvel de dois amplos andares da Família Belo assumidamente católicos-praticantes-apostólicos-romanos de missa e comunhão diárias, terço em família, novenas e obras pias quanto baste. Meu pai ganhava bem com um escritório de Import-Export que o obrigava durante o ano a viajar até Londres para tratar de negócios. Grande admirador da democracia inglesa defendia a tese, que se discutia em opíparos jantares entre amigos, que Satanás comparado com Salazar era um anjo com asas nas costas. De muito cedo comecei a perceber que a Liberdade é um bem supremo e que as ideias têm mais força que o poder de fogo das armas.
Situemo-nos na época. Salazar e Cerejeira haviam cimentado uma amizade que vinha desde os tempos em que ambos estudavam em Coimbra que, mais do que uma cidade de província, era uma verdadeira fábrica de doutores. Salazar (o “Botas” de Santa Comba como meu pai desdenhosamente o chamava) queria obrigar-nos a viver num país rural. Cerejeira, cardeal como Pacelli, tudo fazia para sermos abulicamente um povo cristão, católico, temente a Deus e aos bons costumes. Divórcio nem vê-lo. Homossexuais cadeia. Intelectuais desafinados com a partitura única fazer-lhes a vida negra.
Quando fiz dez anos minha mãe, católica mais ou menos, mais menos que mais, limitava-se à Missa do Galo no Natal e a dois santinhos na cabeceira dormindo na caixa da costura. Depois duma acesa e demorada batalha verbal com meu pai conseguiu que ele deixasse que eu fosse para a catequese de S. Mamede para “aprender a ser uma boa menina”. Mal entrei logo detestei a pouca luz da igreja, um cheiro desagradável ainda hoje não sei de quê e o ar virginal e seráfico da Dona Maria Belo que falava baixinho “para não acordar o Menino Jesus que dorme no sacrário no meio do altar”. Foi a primeira dúvida que envinagrou a lavagem ao cérebro em curso. Se a catequese era das cinco até às seis da tarde ou o Menino Jesus era preguiçoso ou estava doente. Pensei, mas calei-me.
Alguns meses passados vaticanicamente ocupado em tão pias como chatas tardes a estocada final que matou não só o meu interesse pela religião como semeou uma revolta interior e muda contra um dogma que a catequista nos havia ensinado com uma certeza na voz que era mais uma ameaça do que uma ideia bem estruturada e plausível: “A única religião verdadeira é a católica-apostólica-romana, todas as outras são mentirosas e falsas e quem as praticar vai direitinho para o inferno para arder nas chamas que o Diabo tem para castigar os ateus”.
O problema é que meu pai nos tinha contado à mesa que se os parceiros ingleses conseguissem fechar um chorudo negócio com a China e com a Índia a nossa vida iria melhorar porque eles são quase tantos milhões como as estrelas que brilham no céu. Logo, raciocinando a frio, como podia a Dona Natividade impingir-nos que “Deus é amor” quando sem culpa nenhuma milhões de inocentes iriam ser queimados no inferno só por seguirem outra religião? Quando me disseram que iríamos fazer a primeira comunhão disse ao meu pai que não queria tal coisa porque por isto mais aquilo já não acreditava em nada do que na igreja nos ensinavam. Minha mãe baba e ranho chorou. Meu pai decretou: “a miúda está certa e a partir de amanhã acabou a catequese e quando ela atingir a maioridade decidirá o que lhe apetecer fazer. Contra vontade dela é que não…”. Quando comecei a namorar um colega na universidade tive a sorte dele concordar a cem por cento comigo. Foi o início duma felicidade que só um estúpido desastre de automóvel conseguiu acabar.
Augusto Cid – Um Homem – No meio duma emporcalhada pocilga política de ratos – Um exemplo – Uma saudade – Caricatura de colecção particular.
Na última edição da Tribuna a minha amiga desde os bancos da Primária até à Universidade, a Tininha (Christiana Silveira Godinho) no seu texto “Uma semana negra” referiu-se a um nosso amigo comum o Cid, companheiro de lutas quando nós três, por convite dessa grande e corajosa combatente pela Liberdade que foi a Vera Lagoa, nos juntou nas marchas e manifestações que desfilaram avenida abaixo contra as pérfidas manobras dos comunistas a soldo de Moscovo. Um Leitor devidamente identificado enviou um mail a protestar por o artigo não ter referido alguns dos mais nobres actos que o Cid praticou. A pedido do companheiro Richard (Lencastre) termino o artigo que estava a escrever colmatando factos importantes que nós também, devo confessar, em absoluto desconhecíamos.
Acrescentamos.
Ao Cid se deve, muito para além da luta política que (na sombra da sua modéstia) travou na defesa da nossa actual Liberdade uma contínua, intransigente, corajosa e determinada vontade de descobrir quem na verdade havia sido responsável pela morte de Sá Carneiro e Amaro da Costa. Contra a conclusão oficial de que ocorrera um simples acidente Cid batalhou, iniciou, investigou de 1981 até 2015 acabando por descobrir que na realidade tanto Sá Carneiro como todos os ocupantes do avião tinham sido, fria e cobardemente, assassinados por uma bomba colocada a bordo programada para explodir poucos minutos depois da aeronave ter levantado voo.
Depois de várias ameaças, veladas ou claras, para o calar a honestidade de Augusto Cid haveria de ser posta à prova perante uma “gentil” oferta da RTP para ele ir trabalhar para Paris tendo-lhe sido entregue um cheque para depositar na sua conta bancária depois de o preencher com o número de zeros que muito bem entendesse. Era um engodo. Cid foi a Paris para auscultar qual o tipo de trabalho que deveria exercer verificando in loco que não passava dum exílio dourado só para o amordaçar.
Regressou de imediato a Lisboa, devolveu o cheque e empreendeu no jornal “O Diabo” a convite da Vera Lagoa o resultado das suas investigações que desmentiam a cem por cento as divulgadas pela Polícia Judiciária que insistia na tese do acidente.
Augusto Cid não era rico, vivia do seu trabalho e tinha família para sustentar. Não conheço muitos homens que tivessem a Dignidade deste Homem que, para respeitar a Verdade, recusou tornar-se milionário, protegido pela mafiosa oligarquia política e sem quaiquer preocupações no futuro.
Muito pelo contrário. Pagou do seu bolso uma deslocação aos Estados Unidos para adquirir os melhores livros, compêndios e estudos sobre acidentes na descolagem de pequenas aeronaves entrevistando reputados peritos de Aeronáutica de craveira internacional que lhe confirmaram as suas bem estudadas conclusões. Tornou-se assim num abalizado e actualizado conhecedor deste assunto. Nunca se amedrontou cedendo às pressões contra ele exercidas pela Judiciária nem mesmo quando lhe apontaram o risco de vir a ser preso por causar um “distúrbio social” com as suas conclusões. Não encontramos na nossa desacreditada classe política, manchada por sucessivos escândalos normal e geralmente impunes, homens que se possam ser equiparados ao Homem que foi Augusto Cid que, a nosso ver, podemos classificar como uma espécie politicamente em vias de extinção.
Aqui deixamos a rectificação cientes de que muito mais haveria para dizer. Mas o espaço e a paciência dos Leitores por certo já devem ter chegado ao fim…
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Disclaimer
Um Jornal de Combate totalmente independente, um Blog revolucionário, “fora do catálogo”, sem patrocínios de qualquer natureza ou espécie que controlariam a nossa independência intelectual que em todos os aspectos é legal e rigorosamente de carácter político (essencialmente humorístico) que só se publica quando há qualquer assunto importante que valha a pena debater, eticamente recusando dar à estampa mentiras que agora no politicamente correcto se chamam “inverdades”, tudo escalpelizado ao milímetro com o bisturi da inteligência por colaboradores pro bono na sua maioria emigrados nos quatro cantos do Mundo (empresários, gestores de topo, professores universitários, etc) mas muito mais actualizados sobre o estado real do nosso país do que muitos que andam por aí e só leem jornais desportivos, discutem futebol no emprego e o único meio de conhecerem a realidade do Portugal de hoje é assistirem aos telejornais cada um pior do que o outro…
Leia. Critique. Divulgue.
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